Afinal, apostar em “bets” faz mal à saúde mental?

O que as ‘bets’ estão fazendo com a nossa mente?

Com o crescimento explosivo das apostas online no Brasil — as chamadas “bets” — surge uma pergunta que incomoda famílias, educadores e profissionais de saúde: esse hábito está prejudicando a saúde mental dos brasileiros?

Diversos estudos científicos recentes dizem que sim, e os alertas são cada vez mais preocupantes.


O que dizem os estudos?

Pesquisas feitas no Brasil e no exterior mostram que o acesso fácil aos aplicativos de apostas está ligado ao aumento de ansiedade, depressão, insônia, problemas familiares e até tentativas de suicídio.

Segundo a Universidade Federal Fluminense (UFF):

  • 86% dos jogadores relatam dívidas
  • 64% estão com o nome negativado

A psiquiatra Hermínia Prado, da Unifesp, explica:

“O vício em apostas online já tem critérios diagnósticos reconhecidos pela medicina, como perda de controle, sofrimento emocional e insistência mesmo com prejuízos.”

Uma revisão internacional com 4 milhões de pessoas revelou que:

1 em cada 8 já tentou se matar

1 em cada 3 apostadores já pensou em suicídio

Quando o jogo afeta o bolso e a família

Além dos danos emocionais, o vício em apostas impacta a vida financeira e os laços familiares. Muitas pessoas gastam parte ou toda a renda mensal em apostas — inclusive dinheiro que seria usado para alimentação, aluguel ou medicamentos.

Há relatos de:

  • Jovens vendendo objetos da casa para continuar jogando
  • Adultos com dívidas acima de R$ 10 mil
  • Separações e conflitos familiares provocados por dívidas e compulsão

Quem está mais vulnerável?

Apesar da regulamentação das apostas online iniciada em 2024, grupos de risco permanecem desprotegidos, como:

  • Jovens e adolescentes
  • Pessoas com histórico de depressão ou ansiedade
  • Desempregados ou com baixa renda
  • Pessoas com outros vícios (álcool, cigarro, drogas)

O que as ‘bets’ causam?

  • Afetam o cérebro: causam ansiedade, depressão e vício — como drogas.
  • Geram dívidas: que trazem ainda mais sofrimento.
  • Aumentam risco de suicídio: 1 em cada 3 apostadores já pensou nisso.
  • Destroem relações: brigas, separações e até violência.
  • Não é só diversão: as bets podem virar um grave problema de saúde pública.

Principais fontes e pesquisas

  • Unifesp: Apostas patológicas ligadas ao aumento de suicídio, queda no trabalho e envolvimento com atos ilícitos.
  • FAPESP / UFRGS: Estudo com 4,6 milhões de pessoas; alerta sobre risco de suicídio.
  • UFF & Itaú: Apostas reduzem recursos para saúde, educação e lazer; geram dívidas e isolamento.
  • IBDFAM: Impactos jurídicos, separações e vulnerabilidade infantil.
  • UNIFOR (junho/2025): O vício em bets é uma crise de saúde pública; sintomas reconhecidos pelo CID-11 e DSM‑5.

Como sair do ciclo das apostas?

✔️ 1. Reconheça o problema

Admitir que perdeu o controle não é fraqueza — é o início da cura.

✔️ 2. Bloqueie o acesso

Use apps como BetBlocker ou extensões de navegador para impedir o acesso aos sites de apostas.

✔️ 3. Evite gatilhos

Afaste-se de perfis que promovem apostas, grupos de bets e até de eventos esportivos com odds.

✔️ 4. Procure ajuda psicológica

Psicólogos e psiquiatras podem tratar o vício, os sintomas de ansiedade e depressão.

✔️ 5. Participe de grupos de apoio

Como o Jogadores Anônimos – são gratuitos e sigilosos.

✔️ 6. Fale com quem confia

Divida sua dor com alguém próximo. Apoio emocional faz diferença.

✔️ 7. Reorganize sua vida financeira

Evite o acesso direto ao seu dinheiro, cancele cartões digitais e busque orientação.

✔️ 8. Ocupe a mente com prazeres saudáveis

Exercícios, arte, leitura, voluntariado, estudos — tudo que ajuda a trazer prazer real, e não artificial.


Onde procurar ajuda no Brasil

  • CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) – Atendimento gratuito pelo SUS
  • CVV – 188 – Apoio emocional gratuito e sigiloso 24h
  • Jogadores Anônimos – www.jogadoresanonimos.org
  • Atendimentos psicológicos universitários – Muitas universidades públicas oferecem sessões gratuitas

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