Entre turistas confortáveis e moradores expulsos: quem ganha com o Airbnb?

Nos últimos anos, o crescimento do Airbnb nas grandes cidades da Europa mudou o rosto de bairros históricos, mas também aprofundou a crise das moradias. Se por um lado ele oferece praticidade aos viajantes, por outro, empurra famílias locais para fora de suas próprias cidades. O que antes era uma alternativa simpática ao hotel, hoje virou um problema social de grandes proporções.
Quando o lar vira hospedagem
Imóveis antes residenciais têm sido transformados em acomodações turísticas por causa da alta rentabilidade. Em Lisboa, por exemplo, proprietários afirmam que lucram até três vezes mais com Airbnb do que com aluguel tradicional. O mesmo ocorre em Barcelona, Berlim, Amsterdã e Praga, onde o aumento de imóveis destinados ao turismo tem pressionado o preço de venda e aluguel das moradias tradicionais.
Moradores protestam: “Não temos mais onde morar”
Em Barcelona e Madri, moradores têm protestado contra o excesso de turismo. Eles dizem que não conseguem mais morar nos bairros onde cresceram, porque os aluguéis subiram muito e faltam casas. Em Bruxelas, Praga e cidades da Croácia, também fazem abaixo-assinados e pedem leis mais rígidas.

O que dizem os moradores das cidades afetadas pelo Airbnb:
- “Não conseguimos mais pagar aluguel.”
Os preços subiram muito devido à alta demanda por imóveis para turismo. - “Não há mais casas para alugar para quem mora aqui.”
Muitos imóveis foram retirados do mercado residencial e viraram hospedagem. - “Estamos sendo expulsos dos nossos bairros.”
Moradores antigos estão sendo forçados a mudar de região por causa dos custos. - “Nosso bairro virou um ponto turístico barulhento.”
A presença constante de turistas altera a rotina e o sossego das comunidades. - “O comércio local foi substituído por lojas para turistas.”
Padarias, mercados e farmácias estão dando lugar a cafés e souvenires. - “Não conhecemos mais nossos vizinhos.”
A rotatividade dos hóspedes impede vínculos comunitários. - “Há mais lixo e festas nas ruas.”
Reclamações sobre festas em imóveis de Airbnb, barulho e degradação urbana. - “Os jovens não conseguem sair da casa dos pais.”
Com aluguéis altos, muitos não têm como alugar um lugar para viver. - “O centro virou um hotel gigante.”
Regiões históricas estão se esvaziando de moradores e virando áreas apenas turísticas. - “Precisamos de regras, não de lucros.”
Moradores pedem leis que limitem o número de Airbnbs e protejam o direito à moradia.
Por que os turistas preferem Airbnb aos hotéis?
O Airbnb ainda é visto por muitos turistas como mais confortável, acessível e “autêntico” do que hotéis. Famílias e grupos maiores procuram casas com cozinha, liberdade e boa localização. Porém, nem sempre isso significa economia: em muitos destinos da Europa, os preços das diárias do Airbnb se equipararam aos de hotéis — e sem os mesmos serviços.
Airbnb é bom ou ruim? Depende de onde e para quem
Para o turista de curto prazo, o Airbnb pode ser conveniente. Para o morador local, é frequentemente um fator de exclusão. O desequilíbrio entre turismo e habitação tem gerado consequências sociais sérias, incluindo gentrificação, expulsão silenciosa e queda na qualidade de vida.
Por que as pessoas deixaram os hotéis?
Depois da crise de 2008 e com a explosão dos smartphones, muitos viajantes passaram a preferir alternativas mais informais e baratas. O Airbnb surgiu como uma resposta a isso, oferecendo uma nova forma de viajar. Hoje, porém, as vantagens em relação aos hotéis já não são tão evidentes, principalmente diante dos impactos sociais.
O que as cidades estão fazendo?
Cidades como Barcelona, Lisboa, Madri e Berlim já criaram leis para restringir ou até banir o Airbnb em certas regiões. A meta é frear o aumento do custo de vida e devolver os bairros aos seus habitantes. Ainda assim, a fiscalização segue sendo o maior desafio.
Como continuar promovendo o turismo sem expulsar seus próprios moradores?
Muitos especialistas defendem que o Airbnb deve existir, mas com regras mais rígidas, limites por bairro, transparência e responsabilidade social. A cidade precisa voltar a ser casa — não só ponto turístico.
Referências:
https://www.europeandatajournalism.eu/cp_data_news/europes-rents-are-on-the-rise-whos-hardest-hit
https://apnews.com/article/9bd28bb6f3f705b62828880fb08bdf1a
https://www.intellinews.com/croatia-moves-to-restrict-airbnbs-to-address-housing-crisis-340368
https://www.businesstelegraph.co.uk/is-airbnb-contributing-to-the-global-housing-shortage
https://www.ft.com/content/67f63a8d-e416-4b1d-9c9f-5e7d9e52dd65
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