Pântano, Crocodilos e Sofrimento: A Nova Prisão de Imigrantes

“O inferno não tem grades, mas crocodilos”

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“Eles não têm como se lavar, não há como lavar a boca, o vaso sanitário transborda e o chão fica alagado de urina e fezes.”
“Eles comem uma vez ao dia e têm dois minutos para comer. As refeições têm vermes.”
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Erguida no coração dos pântanos da Flórida, a prisão de imigrantes apelidada de Alligator Alcatraz é um símbolo extremo das políticas migratórias de Donald Trump. O centro foi construído em apenas oito dias sobre um antigo aeroporto no meio da reserva ambiental Big Cypress, região infestada de crocodilos, mosquitos e lama. Ali, milhares de pessoas em situação migratória irregular foram jogadas em um ambiente hostil, sem estrutura mínima de dignidade.

Um detento venezuelano descreveu ao telefone:

“Minha principal preocupação é a pressão psicológica que exercem sobre as pessoas para elas assinarem sua autodeportação.”
Ele chamou os alojamentos de “gaiolas de zoológico” com oito camas cada, infestadas de mosquitos, grilos e sapos. Segundo ele, os detentos são mantidos 24 horas por dia sem janelas ou noção do tempo, com mãos e tornozelos algemados durante as transferências.
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A cela natural: crocodilos como guardas

Não há muros altos ou torres de vigilância visíveis. A própria natureza é usada como armadilha: crocodilos, cobras e lamaçais dificultam qualquer tentativa de fuga. O local é isolado e praticamente inacessível. Para muitos, é como uma prisão a céu aberto cercada de ameaças selvagens — uma escolha deliberada, segundo críticos, para tornar o sofrimento parte da punição.

“Eu tinha passaporte canadense, advogados, dinheiro, atenção da mídia… e mesmo assim fui detida por quase duas semanas.” |
Mesmo com todos os recursos possíveis, o sistema não se importou. Me mantiveram presa sem justificativa clara. Só fui libertada depois que minha história viralizou na imprensa. Me senti impotente e invisível.
Referência: Reddit – discussão do caso

Uma prisão construída com pressa — e sem piedade

Em junho de 2025, a prisão foi anunciada. Poucos dias depois, já havia barracões de metal erguidos. A capacidade planejada era para 5.000 detentos. A realidade começou com 3.000. Água potável escassa, calor extremo, mosquitos incessantes e falta de saneamento básico formam o cotidiano de quem vive ali dentro — pessoas que, em sua maioria, não cometeram crimes, apenas buscaram uma vida melhor.

“Estávamos todos doentes, cheios de picadas, com sede”

Relatos de detentos descrevem o ambiente como “insuportável”. Um adolescente mexicano de apenas 15 anos ficou detido entre adultos por vários dias, até que sua idade foi finalmente reconhecida. Ele estava fraco, doente e traumatizado. Outros falam em racionamento de água, comida de má qualidade e atendimentos médicos negados. Há quem tenha desmaiado de calor ou ficado dias sem acesso a remédios básicos.

Negado o acesso a advogados e deputados

Organizações como a ACLU denunciam que detentos estão sendo impedidos de receber visitas legais. Nem congressistas eleitos conseguiram entrar para inspecionar o local. “É uma política de terror e isolamento. A intenção é clara: desumanizar os imigrantes”, afirmou um representante da entidade.

Protestos indígenas e ameaça ambiental ignorados

O local onde a prisão foi construída é território sagrado para as comunidades indígenas Miccosukee e Seminole. Eles não foram consultados. Ambientalistas também alertam que a construção destrói parte do ecossistema dos Everglades, ameaçando espécies e o equilíbrio natural da região. Mas a construção seguiu mesmo assim — sem avaliação de impacto ambiental.

México denuncia violação de direitos humanos

O governo mexicano exigiu a repatriação de seus cidadãos presos na Alligator Alcatraz, especialmente após saber do caso do adolescente detido. “É uma afronta aos direitos mais básicos. Nem em tempos de guerra se justifica esse tipo de estrutura”, declarou a presidente Claudia Sheinbaum.

Quem paga a conta da barbárie

A prisão custa mais de US$ 400 por detento por dia — dinheiro vindo de fundos emergenciais, da FEMA e do Departamento de Segurança Interna. Enquanto isso, milhares de famílias seguem sem saber onde estão seus parentes. Não há transparência, nem compaixão.


Referências:

  1. Washington Post – Condições dentro da Alligator Alcatraz
  2. Teen Vogue – Adolescente de 15 anos detido com adultos
  3. The Guardian – Reações do México
  4. AP News – Acordos sob investigação judicial
  5. ACLU – Denúncia formal contra a prisão
  6. PBS – Visita de Trump e intenção de expandir modelo

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