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  • Canadá reage às tarifas de Trump e flerta com os BRICS

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    O impasse comercial entre Canadá e EUA deixou de ser só sobre dinheiro e começa a criar novas alianças. Com tarifas cada vez mais duras, especialmente na madeira e no aço, o Canadá reage com medidas internas e busca novos parceiros, como o BRICS. A dúvida é: estamos vendo um reposicionamento histórico do país?


    A resposta imediata de Ottawa

    Nas últimas semanas, o governo canadense anunciou um pacote de até 1,2 bilhão de dólares canadenses para sustentar a indústria madeireira, duramente atingida pelas tarifas impostas pelo governo Trump. O objetivo é evitar cortes de empregos e manter a competitividade no mercado global, mesmo com o peso extra das taxas americanas.


    Diversificação de mercados

    Empresas canadenses têm acelerado a busca por novos parceiros comerciais, aumentando exportações para países da Ásia, África e América Latina. Essa estratégia de diversificação pretende reduzir a dependência histórica do mercado norte-americano, que ainda responde por boa parte do comércio exterior do país.


    O interesse no BRICS

    O BRICS — formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e agora expandido para incluir Egito, Arábia Saudita e outros — aparece como uma rota alternativa. Com economias emergentes e acordos cada vez mais robustos, o bloco oferece ao Canadá a possibilidade de ampliar seu alcance global, diminuindo a vulnerabilidade frente às decisões de Washington.


    Pragmatismo antes da ideologia

    Analistas ressaltam que a aproximação canadense com o BRICS não significa uma ruptura ideológica com os EUA, mas sim uma postura pragmática. Ottawa quer mais opções estratégicas na mesa de negociações e não deseja ficar refém de um único parceiro, especialmente em tempos de incerteza política e comercial.


    Referências:


  • Por que a Inglaterra ainda manda no mundo?

    Muitas vezes, a Inglaterra disfarça suas ações e intervenções globais com a retórica de “ajudar o mundo”, promover a democracia ou proteger direitos humanos. No entanto, por trás dessa justificativa nobre, frequentemente estão interesses econômicos, políticos e estratégicos que beneficiam diretamente seus próprios objetivos de poder. Seja por meio de intervenções militares, pressões diplomáticas ou acordos comerciais, o Reino Unido usa a imagem de parceiro benevolente para legitimar suas ações, enquanto mantém controle e influência sobre recursos, mercados e regiões estratégicas. Esse discurso de ajuda humanitária muitas vezes serve para encobrir práticas que perpetuam desigualdades e dependências, garantindo que a Inglaterra continue “mandando” de forma sutil e eficaz no cenário global.

    Império Britânico

    Apesar de o Império Britânico ter oficialmente acabado há várias décadas, a Inglaterra mantém uma influência global que muitos consideram desproporcional ao seu tamanho atual. Essa presença não vem do poder militar direto, como no passado, mas de uma combinação estratégica de fatores políticos, econômicos, culturais e históricos.

    Legado Colonial e a Commonwealth

    Primeiro, o Reino Unido detém um legado colonial extenso, que deixou conexões profundas em diversas regiões do mundo, especialmente em ex-colônias da África, Ásia e Caribe. Essas conexões se manifestam em instituições como a Commonwealth, uma associação de 56 países, que embora sem poder político formal, mantém laços diplomáticos, culturais e econômicos fortes, favorecendo a influência britânica.

    Poder Econômico e Financeiro

    Além disso, Londres é um dos maiores centros financeiros globais. O mercado financeiro britânico, especialmente a City de Londres, funciona como um polo central para o capital internacional, moeda e investimentos. Essa força econômica é um instrumento poderoso para exercer influência, muitas vezes mais efetiva que a força militar.

    Presença Militar e Diplomática

    No campo diplomático e militar, o Reino Unido ainda é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e possui uma das forças armadas mais tecnológicas do mundo, incluindo armas nucleares. Contudo, o papel britânico na segurança global frequentemente se dá em estreita aliança com os Estados Unidos, a quem Londres historicamente se alinha.

    A Relação com os Estados Unidos

    Essa dependência aparente de “se esconder atrás dos EUA” tem razões estratégicas e históricas. Após a Segunda Guerra Mundial, o Reino Unido perdeu sua posição dominante e passou a operar como um parceiro menor dentro da aliança ocidental liderada pelos EUA. Esse relacionamento garante ao Reino Unido acesso a recursos militares e inteligência, além de peso político em fóruns internacionais.

    Por outro lado, os EUA também se beneficiam da experiência diplomática, inteligência e influência britânica em várias regiões, especialmente em países da Commonwealth e no Oriente Médio. Essa relação de “puxar juntos a corda” é simbólica da nova forma de “mandar no mundo” — não mais por domínio direto, mas por meio de parcerias estratégicas, redes financeiras e influência cultural, como a língua inglesa e mídia global.

    Influência nas Instituições Internacionais

    Por fim, a Inglaterra também usa sua influência em instituições internacionais (FMI, Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio) para moldar políticas globais a seu favor, garantindo que suas decisões econômicas e políticas alcancem outros países de forma indireta, mas eficaz.

    A Chave

    Portanto, a Inglaterra não “manda” no mundo da mesma maneira que no passado imperial, mas continua sendo um ator global chave, utilizando sua rede histórica, econômica e diplomática, e muitas vezes atuando em conjunto com os EUA para manter seu poder e relevância no cenário mundial.

    Nos Bastidores

    A Inglaterra continua a exercer seu domínio global de maneira sutil e muitas vezes invisível para a maioria das pessoas. Em vez de usar força bruta ou anexações territoriais, ela atua por meio de redes financeiras, influência em instituições internacionais, alianças estratégicas, pirâmides de controle sobre centros decisórios importantes. Essa forma de poder “nos bastidores” permite que o Reino Unido molde políticas econômicas, diplomáticas e militares em diversas regiões sem chamar atenção ou enfrentar resistência direta. Dessa forma, a Inglaterra mantém sua relevância e capacidade de “mandar no mundo” enquanto muitos sequer percebem o alcance dessa influência velada.


    Referências

    1. The Guardian — Why Britain still matters in the world
      https://www.theguardian.com/world/2021/jun/06/why-britain-still-matters-in-the-world
    2. BBC — The legacy of the British Empire
      https://www.bbc.com/news/uk-43734132
    3. Council on Foreign Relations — UK Foreign Policy
      https://www.cfr.org/backgrounder/uk-foreign-policy
    4. Foreign Policy — How Britain Maintains Influence Behind the Scenes
      https://foreignpolicy.com/2020/01/31/britain-influence-behind-the-scenes/
    5. The Conversation — Why the UK leans on the US for global power
      https://theconversation.com/why-the-uk-leans-on-the-us-for-global-power-130455
  • Trump e o Império Tarifário: um Bullying Econômico Global

    Desde que retornou à presidência dos EUA em 2025, Donald Trump lançou uma ofensiva tarifária sem precedentes contra países aliados e parceiros comerciais. É o ápice de uma política que se sustenta muito mais em retórica autoritária do que em estratégia econômica — um verdadeiro bullying comercial.

    Uma abordagem autoritária e unilateral

    Trump anunciou tarifas robustas — 50 % sobre produtos brasileiros, 25 % sobre importações do Japão, Canadá e México, e até 55 % contra a China — com justificativas vagamente centradas em déficits comerciais ou alinhamentos políticos (como no caso das acusações contra o ex‑presidente Bolsonaro).

    Tais medidas são implementadas independentemente das regras da Organização Mundial do Comércio ou do histórico de comércio entre as nações. Economistas criticam fortemente a falta de planejamento estratégico, alertando que o enfoque exclusivo em déficits de bens ignora o peso dos serviços e as complexas cadeias globais de suprimento.

    O mundo como alvo: não há quem escape

    Enquanto outros líderes buscam acordos multilaterais, Trump se destaca como o único líder global dando ordens tarifárias de forma sistemática por anos. Ele impõe taxas bilaterais a mais de 90 países, incluindo aliados da OTAN, União Europeia e nações emergentes como Brasil, Japão e Coreia do Sul .

    Essa abordagem coercitiva confunde interesses pessoais com os da Nação, como ao vincular a situação de Bolsonaro a sanções contra o Brasil, transformando assuntos internos em câmbio político internacional .

    A reação global: retaliações e desgaste da credibilidade

    A resposta internacional foi rápida e coordenada. Canadá e União Europeia anunciaram tarifas retaliatórias sobre bilhões de dólares em produtos dos EUA, elevando o risco de uma guerra comercial generalizada .

    Para o Brasil, os efeitos são severos: o real desvalorizou, o Ibovespa caiu e setores como café, carne, alumínio, aço e até a Embraer foram diretamente impactados. O impacto na Embraer pode ser comparado ao choque da pandemia, segundo seu CEO .

    Bullying econômico: a lógica da intimidação

    Mais do que política comercial, o cenário atual se assemelha a uma tática de bullying global: ameaças públicas, imposições unilaterais, exigências como se fossem ordens. Trump pressiona países com discursos estridentes e depois exige submissão, enquanto retira as ameaças ou esfria o discurso caso a pressão se torne contraproducente — um padrão que os analistas chamam de “Trump Always Chickens Out”.

    O Brasil se defende: reciprocidade e soberania

    O governo brasileiro reagiu com firmeza. Lula enfatizou que o Brasil é uma nação soberana e criticou a unilateralidade dos EUA, e Haddad alertou que tais medidas são prejudiciais à economia global e à deglobalização sustentável.

    Foi aprovada a Lei de Reciprocidade Econômica, que permite responder com tarifas equivalentes caso Trump leve adiante a proposta de 50 %. O país também avalia levar o caso à Organização Mundial do Comércio .

    Um único líder mundial?

    Trump está usando tarifas como instrumento de coerção global: uma postura agressiva e isolacionista, sem precedentes recentes na diplomacia americana. Ele é desde 2025 o único líder mundial a impor tarifas punitivas sistemáticas há anos, e faz isso agindo como um bully de poder econômico, sem respeitar protocolos multilaterais ou equilibrar seus argumentos com dados objetivos.


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