Tag: #Emagrecimento

  • Dieta Cetogênica ou Mediterrânea: Qual Emagrece Mais?

    Elas emagrecem. Mas será que curam? Qual protege o coração? E qual é possível manter?

    A dieta cetogênica virou moda: muita gordura, quase nenhum carboidrato e promessa de queima rápida de gordura. Mas será que esse modelo restritivo é sustentável? A dieta mediterrânea, famosa por sua base vegetal e azeite de oliva, também promove emagrecimento — mas será eficaz o suficiente em comparação? Qual oferece melhores benefícios metabólicos? E, no fim das contas, qual dessas duas é realmente viável para a maioria das pessoas?

    Um ensaio clínico randomizado recente comparou diretamente as duas abordagens em pessoas com sobrepeso, revelando dados surpreendentes não apenas sobre o quanto se perde de peso, mas como se vive ao longo da dieta.


    A Cetogênica Funciona — Mas Cobra um Preço

    No estudo, participantes seguiram por 12 semanas uma das duas dietas. Aqueles na dieta cetogênica perderam peso mais rápido nas primeiras 4 a 8 semanas. A redução calórica drástica por causa da exclusão de quase todos os carboidratos (menos de 10% do total calórico) provocou uma queda intensa no peso e na gordura corporal.

    Contudo, os pesquisadores notaram efeitos colaterais frequentes: constipação, fadiga, irritabilidade, insônia e falta de adesão após o 3º mês. Além disso, o perfil lipídico (colesterol e triglicerídeos) teve piora em alguns participantes, especialmente em quem aumentou o consumo de carnes e laticínios gordos.


    Mediterrânea: Menos Drástica, Mais Sustentável

    Já a dieta mediterrânea, baseada em frutas, legumes, azeite de oliva, peixes, grãos integrais e castanhas, promoveu uma perda de peso mais lenta, mas mais consistente ao longo do tempo.

    Além disso, o estudo mostrou que os participantes da dieta mediterrânea apresentaram melhoras mais amplas no perfil cardiovascular, como redução de triglicerídeos, pressão arterial e glicemia de jejum, além de um aumento geral no bem-estar e na adesão ao plano alimentar.

    Ao final do estudo, a maioria dos participantes do grupo mediterrâneo ainda seguia a dieta com facilidade, enquanto grande parte do grupo cetogênico havia abandonado ou modificado o plano original.


    O Que o Estudo Realmente Revela

    O ensaio demonstrou algo essencial: emagrecer é possível com ambas as dietas, mas o que determina o sucesso a longo prazo é a adesão e os efeitos colaterais.

    A cetogênica pode ser uma estratégia de curto prazo para perda rápida, mas não parece sustentável nem indicada para todos os perfis. Já a mediterrânea, apesar de menos radical, se mostra eficaz de forma mais suave, com benefícios metabólicos mais amplos e sustentáveis — especialmente para quem tem histórico de doenças cardiovasculares ou síndrome metabólica.


    E se a resposta não estiver só na balança?

    Ao final das 12 semanas, ficou claro que a pergunta “qual dieta emagrece mais?” talvez não seja a mais importante. Em vez disso, o estudo sugere uma reflexão mais profunda: qual dieta você consegue seguir sem sacrificar sua saúde física e mental? Qual se adapta melhor ao seu cotidiano, sua cultura e seu prazer de comer?


    Referências Científicas:

  • Mounjaro, Emagrecimento e Alzheimer: Existe Ligação?

    Você tomaria um remédio para diabetes ou emagrecimento se soubesse que ele pode proteger seu cérebro contra o Alzheimer? E se esses mesmos medicamentos também aumentassem os riscos de doenças renais ou pancreáticas? Estaríamos diante de uma revolução silenciosa na neurologia — ou apenas de mais um efeito colateral inesperado da indústria farmacêutica?
    As novas evidências são robustas, surpreendentes e merecem atenção.

    Uma Descoberta Inesperada

    Um estudo com mais de 215 mil veteranos norte-americanos com diabetes tipo 2 revelou que o uso de medicamentos da classe GLP-1 agonistas — como Ozempic (semaglutida), Wegovy e Mounjaro (tirzepatida) — está associado a uma redução de 12% no risco de desenvolver Alzheimer.

    O estudo comparou usuários de GLP-1 com pessoas que usavam apenas insulina, e os dados mostraram uma diferença estatisticamente significativa na incidência de demência tipo Alzheimer ao longo do tempo.

    Como Esses Remédios Funcionam?

    Os medicamentos GLP-1 são usados para tratar diabetes tipo 2 e, mais recentemente, têm sido amplamente prescritos para emagrecimento. Eles atuam imitando um hormônio intestinal que estimula a liberação de insulina e reduz o apetite, promovendo perda de peso.

    A possível ligação com o Alzheimer pode estar relacionada à melhora na inflamação sistêmica, regulação da glicose no cérebro, ou redução de fatores de risco metabólicos, todos associados ao desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.

    Nem Tudo São Boas Notícias

    Apesar do potencial protetor para o cérebro, os dados também apontaram riscos preocupantes. Pacientes que usam GLP-1 têm maior probabilidade de desenvolver:

    • Problemas gastrointestinais severos
    • Pancreatite
    • Doença renal aguda
    • Obstrução intestinal

    Esses efeitos adversos não são comuns, mas podem ser graves, principalmente em pessoas com histórico de doenças pré-existentes.

    O Que Isso Significa para o Futuro?

    Essa descoberta reacende o debate sobre o uso de medicamentos “fora da bula”. Os remédios GLP-1 já ultrapassaram os limites do tratamento do diabetes e se tornaram populares entre celebridades e clínicas de emagrecimento, mas agora também entram no radar da neurologia.

    Será que veremos no futuro um Ozempic prescrito para prevenção de Alzheimer, mesmo em pessoas não diabéticas? Ou os efeitos colaterais limitarão seu uso? O estudo ainda não é definitivo, mas abre caminho para ensaios clínicos com foco direto em doenças neurodegenerativas.

    O Que Isso Nos Mostra

    A ciência continua a nos surpreender. Medicamentos criados para um fim podem, sem aviso, revelar benefícios ocultos — e riscos inesperados. O que parece milagre para alguns, pode ser armadilha para outros. O futuro da prevenção do Alzheimer pode estar, silenciosamente, sendo moldado no campo da endocrinologia e do metabolismo.


    Referência

    Financial Times. “Weight-loss drugs may help cut Alzheimer’s risk, research finds.” Publicado em 10 de junho de 2024.
    Disponível em: https://www.ft.com/content/015e989d-75ca-4cbe-b315-13f910e35b62