
Em um Brasil em busca de saúde mais completa, os pajés mostram que sabedoria ancestral pode complementar a ciência atual — e há estudos provando isso.
Um encontro entre mundos
Pajés e curandeiros, guardiões da medicina tradicional indígena, estão retomando seu lugar ao lado da medicina moderna. Está nas práticas indígenas a cura para doenças modernas — não apenas por espiritualidade, mas também por eficácia comprovada recentemente por pesquisadores. Essa ponte simbólica e científica pode transformar o atendimento à saúde no Brasil.
Pajés trabalhando em rede com médicos
Um exemplo inspirador é o trabalho de Adana Omágua Kambeba, médica e jovem pajé da etnia Kambeba. Formada em medicina pela UFMG em 2022, ela lidera atendimentos híbridos na Amazônia: aplica remédios da biomedicina em hospitais urbanos e faz rituais ancestrais em comunidades ribeirinhas — o que, segundo relato, salvou pacientes com práticas combinadas who.int+7The Guardian+7paho.org+7.
Clínicas integrativas e saúde indígena
Em São Paulo, unidades como CRPICS e a UBS na Terra Indígena Jaraguá adotam modelos interculturais: acolhem pajés e curandeiros que fazem orações, utilizam plantas medicinais e conduzem rituais em hospitais municipais boletin.bireme.org. A OMS e a OPAS, junto à BIREME, estão criando bancos digitais de saberes tradicionais para integrar essas práticas ao SUS who.int+3paho.org+3paho.org+3.
Plantas medicinais reconhecidas e estudadas
No Mato Grosso do Sul, estudos da Fiocruz e da UFPE com os Guarani-Kaiowá vêm catalogando plantas usadas no tratamento da tuberculose. Essa pesquisa auxilia no desenvolvimento de terapias combinadas entre remédios e fitoterapia tradicional Agência Brasil.
Reconhecimento institucional real
O projeto “Sonhação”, liderado pela Fiocruz Amazônia e parceiros, trouxe junto de organizações internacionais pajés e cientistas para debater como práticas tradicionais podem ser reconhecidas como parte essencial do cuidado no SUS — não como alternativa, mas como complemento legítimo portal.fiocruz.br.
Por que isso importa
- Saúde integral: vista pela medicina indígena como união entre corpo, mente, espírito e ambiente.
- Valorização cultural: reconhece e protege práticas ancestrais que resistem ao tempo.
- SUS mais forte: incorpora a ciência sem ignorar a ancestralidade cultural.
Um Saber que Resiste
O saber dos pajés não está preso ao passado. Ele se revigora com evidências e reconhecimento institucional, desafiando a ideia de que a medicina moderna detém todas as respostas. O desafio agora é transformar essa redescoberta em políticas concretas — unindo ciência e tradição em nome de uma cura plena.
Referências
- “This is your mission’: why one Brazilian doctor is training to be a shaman” – The Guardian The Guardian
- On integrative practices and indigenous health in São Paulo – BIREME/PAHO/WHO Bulletin who.int+3boletin.bireme.org+3paho.org+3
- Science, ancestral knowledge and digital transformation in dialogue for public health – PAHO/WHO paho.org+1paho.org+1
- Brazil scientists to study medical herbs used by Guarani‑Kaiowá – Agência Brasil / Fiocruz Agência Brasil
- Project promotes recognition of indigenous medicine in Brazil – Fiocruz Amazônia portal.fiocruz.br