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  • Mães brasileiras na mira da Convenção de Haia

    Quando proteger os filhos vira “crime internacional”.

    Imagine fugir de um relacionamento abusivo no exterior, buscar abrigo no Brasil com seu filho e, ao chegar, ser acusada de sequestro internacional. Parece ficção, mas é a realidade enfrentada por diversas brasileiras, vítimas da aplicação automática da Convenção de Haia — um tratado criado para proteger crianças de sequestros, mas que hoje vem sendo usado contra mães que tentam protegê-las.

    Raquel Cantarelli e Luíza – Irlanda e Bélgica
    Raquel perdeu as duas filhas após o pai estrangeiro acionar a Convenção de Haia. Já Luíza viu seu filho autista ser levado na Bélgica mesmo após denúncias de maus-tratos. Ambas tentam reverter a separação nos tribunais, sem sucesso até agora.

    www.correiodamanha.com.br/especiais/2023/10/100829-maes-de-haia-brasileiras-lutam-na-justica-por-seus-filhos.html


    Voltar para casa vira problema internacional

    Em muitos desses casos, as mães relatam abusos físicos, psicológicos e até ameaças. No entanto, a Justiça brasileira, seguindo a Convenção, frequentemente ordena que os filhos sejam enviados de volta ao país onde moravam com o pai. Pouco importa se foi o cuidador primário quem fugiu ou se há risco para a criança — o que vale é a “residência habitual”.

    Carolina Gouveia – retirada do Canadá
    Carolina vivia com o filho no Canadá e decidiu voltar ao Brasil após sofrer violência doméstica. Mesmo tendo autorização inicial do pai, acabou acusada de sequestro internacional. A Justiça canadense ordenou o retorno do menino. Pouco depois, o pai o levou para o Líbano sem aviso, e Carolina perdeu todos os direitos sobre a criança.

    www.haguepapers.net/the-1980-hague-convention-a-contravention-of-human-rights


    O peso de uma decisão automática

    A consequência? Crianças obrigadas a viver longe da mãe, muitas vezes com pais violentos ou em contextos emocionais instáveis. Há relatos de pequenos com traumas, crises emocionais e ruptura com suas raízes culturais. Enquanto isso, as mães enfrentam o sistema jurídico sozinhas, muitas sem apoio especializado nem defesa proporcional ao peso do Estado estrangeiro envolvido.

    Neide – condenada na Suíça
    Após uma separação conflituosa, Neide teve sua filha retirada pelas autoridades suíças. Foi acusada de violar a Convenção de Haia e condenada à prisão. Vive isolada, sem acesso à filha, e sem previsão de reversão do caso.

    www.reddit.com/r/Switzerland/comments/1ipljhv


    Casamento internacional: sonho ou armadilha?

    Relacionar-se com um estrangeiro pode parecer uma aventura amorosa ou uma oportunidade de vida nova. Mas, se houver filhos e o casal se separar, a briga pela guarda ganha contornos geopolíticos. O país do pai pode acabar decidindo tudo, e a mãe brasileira fica sem voz — ou sem filho.


    Um chamado por justiça e sensibilidade

    Juristas e movimentos sociais pedem mudanças urgentes. A Convenção de Haia, segundo eles, precisa considerar casos de violência doméstica como exceção legítima. Treinamento para juízes e defensores públicos também é essencial para que decisões sobre guarda respeitem o contexto humano, e não apenas a letra fria da lei.


    Referências:

    www.mpf.mp.br/pgr/noticias-pgr2/2025/mpf-apura-denuncias-sobre-perda-de-guarda-de-filhos-por-maes-brasileiras-na-aplicacao-da-convencao-de-haia

    www.em.com.br/nacional/2025/03/7085695-maes-brasileiras-fogem-da-violencia-mas-perdem-tutela-dos-filhos.html

    www.antropofagista.com.br/2023/08/06/maes-de-haia-convencao-internacional-e-usada-para-separar-brasileiras-de-seus-filhos-no-exterior

    www.estadao.com.br/politica/governo-lula-ignora-apelo-de-maes-que-lutam-por-guarda-de-filhos-com-estrangeiros

    www.haguepapers.net/breaking-news-brazil-stands-for-domestic-violence-to-not-repatriate-children-under-the-hague-convention

    www.pixabay.com

  • Brasileiras vítimas do tráfico sexual na Europa

    O tráfico internacional de mulheres brasileiras para fins de exploração sexual continua sendo uma das formas mais cruéis de violação dos direitos humanos.

    Dados da Justiça Federal apontam que, entre 2010 e 2022, 96% das vítimas em casos de tráfico humano com sentença judicial eram do sexo feminino — e a maioria foi levada para países europeus como Espanha, Portugal, Itália e Suíça.


    Promessas enganosas e perfis vulneráveis

    As vítimas brasileiras têm, em sua maioria, origem em contextos de vulnerabilidade socioeconômica. Muitas são jovens, com baixa escolaridade e perspectivas limitadas em suas comunidades de origem. Os aliciadores usam estratégias de sedução emocional ou oportunidades aparentemente legítimas para convencê-las a viajar. No entanto, ao chegarem na Europa, essas promessas se desfazem, e as mulheres se veem obrigadas a se prostituir sob ameaça, dívida ou violência.


    Travestis e mulheres trans também são alvo

    Não apenas mulheres cisgênero são alvo do tráfico. Travestis e mulheres trans brasileiras também estão entre as vítimas, especialmente por causa da transfobia e da exclusão social no Brasil. Movidas pela busca de liberdade e dignidade, muitas acabam indo para a Europa acreditando que terão melhores condições de vida, mas encontram exploração e violência semelhantes. Relatos indicam que redes especializadas se aproveitam do desejo de migração dessas pessoas para capturá-las em esquemas de prostituição forçada.


    Falta de acolhimento e estigmas

    Um dos maiores desafios enfrentados pelas vítimas brasileiras ao tentar escapar do ciclo de exploração é a ausência de acolhimento institucional adequado, tanto nos países de destino quanto no Brasil. Estereótipos de que essas mulheres “sabiam o que estavam fazendo” ou estavam apenas em busca de dinheiro dificultam sua identificação como vítimas. Essa visão reforça a revitimização, impedindo o acesso a apoio jurídico, psicológico e social.


    Danos físicos e psicológicos

    O impacto do tráfico sexual na vida das brasileiras é devastador. Além das marcas físicas — doenças, agressões, abortos forçados —, as sequelas emocionais são profundas. Muitas desenvolvem depressão, transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade e medo constante. Ao retornarem ao Brasil, frequentemente enfrentam estigmatização por parte da comunidade e até da família, o que as isola ainda mais.


    A resposta institucional e seus limites

    Embora o Brasil e a União Europeia tenham leis e acordos internacionais para combater o tráfico humano, as falhas na identificação das vítimas e na punição dos aliciadores continuam sendo barreiras sérias. As investigações são complexas, envolvem múltiplas jurisdições e exigem cooperação entre polícias e governos. Além disso, os serviços consulares brasileiros muitas vezes não têm estrutura suficiente para amparar as vítimas em território estrangeiro.


    Um Problema Invisível, Mas Urgente

    O tráfico sexual de brasileiras para a Europa é um problema persistente, alimentado por desigualdades estruturais de gênero, classe e raça. As redes criminosas se aproveitam da vulnerabilidade dessas mulheres, da impunidade e da fragilidade institucional. Combater essa prática exige mais que leis: requer educação, acolhimento digno às vítimas, campanhas de conscientização, articulação internacional efetiva e políticas públicas que enfrentem as raízes da desigualdade no Brasil.


    Referências

  • 🇮🇹 Cidadania italiana: revolta no país contra os “caça-passaportes”

    Com cerca de 60 mil pedidos pendentes, principalmente de brasileiros e latino-americanos, o boom de solicitações de cidadania italiana tem sufocado consulados e sobrecarregado os tribunais locais.

    “Para mim, quem nasce e cresce fora não deveria ter direito automático. O passaporte italiano é um dos mais valorizados… e essas pessoas só conseguem por causa do trisavô.”
    — usuário anônimo no fórum Termometropolitico

    Brasileiros em massa: o que os italianos pensam disso?

    Na Itália, cresce a percepção de que brasileiros estariam “abusando” da cidadania italiana. Muitos recorrem ao reconhecimento por via judicial, estabelecendo residência temporária em pequenas cidades apenas para obter o passaporte europeu.

    “Prefiro ter como compatriota alguém que fala a minha língua… alguém que se emociona ao ver uma cafeteira italiana.”
    — comentário no Reddit Itália

    Novas regras para ter cidadania italiana

    Diante da pressão popular e do acúmulo de processos, o governo italiano anunciou medidas mais rigorosas:

    • Limitação do direito por via judicial: só netos e filhos diretos poderão continuar acessando esse caminho com maior facilidade.
    • Exigência de residência efetiva na Itália por no mínimo 18 meses.
    • Prazo máximo para conclusão do processo: 24 meses. Após isso, o pedido pode ser cancelado.

    Algumas regiões, como Lombardia e Vêneto, também defendem o fim da concessão para trinetos ou tetranetos. Juristas alertam que essas mudanças ferem tratados internacionais, mas o debate segue quente.

    “Estão transformando nossa cidadania em um produto. Isso não é herança, é comércio.”
    — postagem crítica no Reddit DualCitizenshipNerds

    Identidade, privilégio ou oportunismo?

    O fenômeno levanta uma questão central: a cidadania italiana deve ser um direito de sangue sem limites ou precisa refletir vínculo cultural e afetivo com o país?

    Com a crise migratória e desafios econômicos internos, muitos italianos sentem que conceder passaportes a quem sequer fala italiano é, no mínimo, incoerente. O tema, agora, influencia até debates políticos e eleições municipais.


    Referências: